Nos dias agitados que caracterizam a nossa vida moderna, muitas vezes esquecemos a importância de abrandar o ritmo e conectar-nos com a natureza. As atividades ao ar livre, especialmente os percursos pedestres por trilhos rurais, oferecem uma oportunidade valiosa para escapar à agitação do quotidiano, promovendo assim o bem-estar físico e mental, a felicidade individual e até mesmo a produtividade laboral e criativa.
Ambitare Scriptum
Geografia, ambiente e actividades de ar livre
sexta-feira, 5 de abril de 2024
O Poder da Natureza: Bem-Estar e Produtividade
quarta-feira, 17 de janeiro de 2024
Mobilidade Urbana Sustentável: Uma Perspectiva Inclusiva para Pessoas com Deficiência
A procura por soluções sustentáveis na mobilidade urbana tem ganho cada vez mais destaque, impulsionada pela necessidade de reduzir os impactes ambientais e melhorar a qualidade de vida nas cidades. Contudo, uma objeção comum levantada contra a redução de carros nas cidades é a seguinte: "Como as pessoas com deficiência, incapazes de andar, andar de bicicleta ou usar o transporte público, vão conseguir?".
Neste texto, exploraremos essa objeção, destacando como a redução do tráfego automóvel nas cidades pode, na verdade, beneficiar as pessoas com deficiência, garantindo maior acessibilidade e promovendo uma mobilidade mais inclusiva.
1. Acessibilidade Aprimorada para Pessoas com Deficiência
Ao defender a redução de carros nas cidades, um dos principais benefícios para as pessoas com deficiência é o aumento da acessibilidade. A diminuição do tráfego automóvel resulta em ruas menos congestionadas e mais espaços destinados a modos de transporte alternativos, como passeios largos, faixas exclusivas para bicicletas e zonas de embarque e desembarque adequadas para veículos adaptados. Isso facilita a locomoção de pessoas com mobilidade reduzida e proporciona um ambiente mais seguro e acessível.
Além disso, a implementação de políticas de mobilidade urbana sustentável frequentemente inclui a criação de sistemas de transporte público mais eficientes e adaptados. Autocarros e comboios acessíveis, com rampas de embarque e carruagens reservadas, tornam-se uma opção viável para muitas pessoas com deficiência. A redução do número de carros particulares nas ruas também permite uma melhor integração entre diferentes modos de transporte, facilitando as transferências para quem possui necessidades específicas.
2. Impactos Negativos do Domínio dos Carros na Mobilidade das Pessoas com Deficiência
Mesmo para aquelas pessoas com deficiência que podem andar, o domínio do tráfego automóvel nas cidades cria diversos obstáculos. Passeios estreitos e precários, frequentemente ocupados por veículos estacionados irregularmente, dificultam a locomoção de peões, especialmente aqueles que utilizam cadeiras de rodas ou outros dispositivos de assistência à mobilidade.
Além disso, a poluição atmosférica gerada pelo grande número de veículos contribui para problemas respiratórios, afetando desproporcionalmente pessoas com condições de saúde já comprometidas. A exposição constante a poluentes atmosféricos provenientes do tráfego urbano pode agravar doenças respiratórias crónicas e aumentar os riscos à saúde de pessoas com deficiência.
Portanto, ao considerar os impactes da presença excessiva de carros nas cidades, é evidente que essa realidade afeta não apenas aqueles com mobilidade reduzida, mas também aqueles que podem andar, mas enfrentam desafios adicionais devido ao ambiente hostil dominado pelos veículos automóveis.
3. Considerando as Verdadeiras Necessidades das Pessoas com Deficiência
A objeção à redução de carros frequentemente levanta a questão: aqueles que expressam preocupações estão realmente considerando as necessidades das pessoas com deficiência, ou estão utilizando esses desafios como uma desculpa para continuar a conduzir os seus próprios carros?
É crucial reconhecer que as soluções para a mobilidade urbana sustentável não implicam a eliminação completa dos veículos particulares, mas sim na promoção de alternativas viáveis e na redução do uso desnecessário dos automóveis. Ao criar ambientes urbanos mais amigáveis, com opções de transporte diversificadas e infraestrutura adaptada, as cidades podem atender às necessidades de todos os cidadãos, incluindo aqueles com deficiência.
Conclusão
A procura por mobilidade urbana sustentável não é incompatível com a acessibilidade para pessoas com deficiência. Pelo contrário, ao reduzir a dependência de carros particulares, as cidades podem criar ambientes mais inclusivos, promovendo a igualdade de acesso e melhorando a qualidade de vida para todos. É imperativo que as políticas de mobilidade considerem as necessidades diversificadas da população, garantindo que cada passo em direção a cidades mais sustentáveis seja também um passo em direção a comunidades mais inclusivas e acessíveis.
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
Atlas dos Municípios Saudáveis
O Atlas dos Municípios Saudáveis é uma plataforma web de acesso público, baseada em sistemas de informação geográfica (WebSIG), que contribui para a caracterização da saúde da população e a avaliação dos seus determinantes, servindo como ponto de partida para informar a decisão política e ação dos municípios que fazem parte da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis.
Este instrumento foi desenvolvido graças ao protocolo estabelecido entre a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis e a Equipa de Investigação em Geografia da Saúde do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra (CEGOT-UC).
O Atlas dos Municípios Saudáveis segue um modelo de avaliação multidimensional da saúde da população, com base na abordagem geográfica da saúde (relação entre as características do local de residência e o estado de saúde) e na abordagem intersetorial "Saúde em Todas as Políticas".
A saúde da população de cada município é avaliada em nove dimensões - duas de resultados em saúde e sete de determinantes da saúde - que se desdobram em 94 indicadores (54 indicadores prioritários e 40 indicadores complementares).
A informação estatística dos indicadores está disponível ao nível do concelho e, sempre que possível, ao nível da freguesia, fornecendo uma base de evidência sobre o estado de saúde da população (quais doenças que a afetam e quais são as causas de morte) e sobre os fatores contextuais que influenciam a sua saúde e bem-estar, como as condições sociais, económicas e ambientais (como se vive e a que recursos se tem acesso). Além disso, são apresentadas boas práticas dos municípios associadas aos indicadores de determinantes, incluindo ações, medidas e projetos locais com potencial para contribuir positivamente para a promoção da saúde da população.
Objetivos:
- Posicionar a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis a nível nacional e internacional, destacando-a como um agente catalisador do Projeto das Cidades Saudáveis da Organização Mundial de Saúde (OMS)
- Fornecer um quadro de referência abrangente para avaliar a saúde da população de forma integrada, multidimensional e sistematizada, com o potencial de informar a elaboração do Perfil de Saúde Municipal, bem como a definição de estratégias de promoção da saúde e da equidade em saúde.
- Estabelecer uma plataforma de conhecimento e divulgação de boas práticas em políticas, medidas e ações com o potencial de melhorar os determinantes da saúde, contribuindo para a tomada de decisões informadas.
»» Acesso ao Atlas ««
terça-feira, 25 de julho de 2023
Vais fazer Interrail? Prepara-te bem
O Interrail na Europa teve início em 1972 com o lançamento do "Cartão Verde" pela Comunidade Económica Europeia (CEE), que permitia a mobilidade entre quatro países. Posteriormente, o programa evoluiu, proporcionando aos jovens europeus a oportunidade de viajar ilimitadamente de comboio por diversos países, tornando-se uma forma acessível e única de explorar a rica diversidade cultural do continente. Desde então, o Interrail tem deixado um legado de intercâmbio cultural e enriquecimento pessoal, unindo nações e criando experiências inesquecíveis para os viajantes.
Preparar uma mochila para um Interrail na Europa é uma tarefa importante para garantir uma viagem confortável e sem preocupações. Durante 30 dias de aventura, é essencial escolher cuidadosamente os itens que levarás contigo, garantindo que estejas bem equipado para enfrentar todas as situações. Aqui está um guia passo a passo para ajudar-te a organizar a tua mochila e uma lista de itens essenciais a considerar:
1: Escolher a Mochila Certa
Opta por uma mochila resistente, com capacidade entre 40 a 60 litros, que se ajuste confortavelmente às tuas costas. Certifica-te que tem compartimentos e bolsos para ajudar na organização.
Considera levar uma segunda mochila, bem mais pequena (pelo menos uma por cada 2/3 pessoas do grupo), que possa andar sempre contigo e onde possas guardar alguns dos artigos pessoais: equipamentos eletrónicos; documentos; água e comida; etc.
2: Verificar Documentos e Dinheiro
Antes de iniciar a viagem, verifica que possuis todos os documentos necessários, como passaporte (opcional), bilhetes de comboio e cartão de cidadão. Leva também cartões de crédito e débito, bem como algum dinheiro em euros.
3: Vestuário Adequado
Escolhe roupa versátil, leve e adequada para diferentes climas. Considera a estação e as atividades que pretendes realizar. A lista a seguir é apenas um guia e deve ser ajustada de acordo com tuas preferências:
- T-shirts e camisolas
- Calças confortáveis
- Calções/saias
- Fato de banho (se aplicável)
- Casaco leve e impermeável
- Roupa interior e meias suficientes para a viagem (podes sempre ir lavando algumas peças)
- Calçado confortável e apropriado para caminhar
- Chinelos/sandálias
- Lenço/cachecol
4: Artigos de Higiene Pessoal
Transporta apenas itens essenciais de higiene pessoal, preferencialmente em embalagens pequenas para economizar espaço e peso:
- Escova de dentes e pasta de dentes
- Sabonete ou gel de banho em tamanho de viagem
- Shampoo e condicionador em tamanho de viagem
- Desodorante
- Protetor solar (fator de proteção elevado)
- Toalha de secagem rápida
- Produtos de higiene íntima (se aplicável)
- Medicamentos pessoais
5: Eletrônicos e Acessórios
Não te esqueças dos teus equipamentos eletrónicos para captar momentos e facilitar a comunicação:
- Smartphone e carregador
- Adaptadores de tomada para diferentes países
- Power bank (carregador portátil)
- Câmara para fotografar/filmar e carregador
- Headphones
Verifica com o teu operador que tens o roaming ativo e dados móveis (em roaming) suficientes para uma utilização frequente e diária, há alguns países (Suiça por exemplo) onde, por não pertencerem à União Europeia os custos de roaming são muito elevados, nesses casos considera comprar um cartão de dados de um operador local.
6: Itens de Viagem e Documentos Importantes
Alguns itens adicionais para ajudar na organização e segurança:
- Bloco de notas e caneta
- Mapas e guias de viagem (opcional, podes usar o smartphone/internet)
- Capa de proteção para documentos
- Cópias de documentos importantes (passaporte, bilhetes, etc.)
- Cartão europeu de saúde e/ou seguro de saúde em viagem (e informações de contatos)
7: Itens de Entretenimento e Lazer
Para momentos de descanso/lazer (e viagens mais longas):
- Livros ou leitor de e-books
- Jogos de cartas ou de tabuleiro compactos
- Pequenos brindes (lembranças do teu país para trocar com outros viajantes ou locais)
Lembra-te de manter a mochila o mais leve possível, pois terás de carregá-la durante toda a viagem. Não exageres na quantidade de roupa e itens pessoais. Lembra-te também de verificar o clima dos países/regiões que planeias visitar e adapta a tua lista de acordo com isso.
Com a mochila pronta e os itens essenciais bem selecionados, estarás pronto para embarcar numa aventura inesquecível explorando a Europa através do Interrail. Diverte-te e aproveita cada momento!
Sítio Internet Oficial do Interrail
quarta-feira, 12 de julho de 2023
A Lenda das Pedras Irmãs (Sintra)
As irmãs Brigida e Zilda |
Pedras Irmãs |
terça-feira, 9 de maio de 2023
Atlas Europeu do Ambiente e Saúde
Sabe qual é a qualidade do ar na sua área de residência? E a que nível de ruído ambiente está sujeito?
Agora você pode aceder a essas e outras informações sobre a qualidade ambiental da área onde vive, ou qualquer localização na Europa, através de uma plataforma online, o Atlas Europeu do Ambiente e Saúde da Agência Europeia do Ambiente (AEA). Lançado há poucos dias, o atlas apresenta de uma forma simples e intuitiva como a poluição e outros riscos ambientais afetam a saúde e o bem-estar dos Europeus.
Esta ferramenta interativa, a primeira nesta escala, permite aos utilizadores visualizarem como o ambiente ao seu redor afeta a sua saúde e bem-estar através de conjunto de mapas detalhados. Abrange tópicos como qualidade do ar, ruído e silêncio, espaços verdes e mudanças climáticas em todos os países que integram a AEA. Alinhado com muitas das metas políticas da UE, o atlas é uma das ferramentas preparadas e publicadas pela agência com o objetivo de apoiar a monitorização do objetivo de poluição zero na União Europeia.
Qual é a qualidade ambiental no local onde vive e como isso o afeta?
Este atlas também permite ao utilizador criar e compartilhar uma “classificação ambiental” de um endereço ou local específico, bem como visualizar as desigualdades na exposição a riscos ambientais, como por exemplo os relacionados com o rendimento. O atlas é baseado numa ampla variedade de dados e análises sobre os riscos ambientais para a saúde e os benefícios de um ambiente saudável, elaborado com dados provenientes de fontes confiáveis e visa reunir tudo isso numa aplicação acessível e relevante para o público.
O Atlas Europeu do Ambiente e Saúde será um "produto vivo", o que significa que será atualizado regularmente e aberto à participação dos utilizadores.
terça-feira, 2 de maio de 2023
Equipamentos de Educação Ambiental em Portugal
A educação ambiental é um processo de ensino-aprendizagem que tem como objetivo consciencializar as pessoas sobre a importância da preservação ambiental e da utilização sustentável dos recursos naturais. Essa educação busca incentivar mudanças de hábitos e comportamentos individuais e coletivos em relação ao ambiente, com vista a garantir a qualidade de vida das gerações presentes e futuras.
Oficinas de Criatividade Himalaya - Centro Ciência Viva dos Arcos |
Visando a promoção da educação ambiental existe em Portugal um grande número de equipamentos de educação ambiental cujo objetivo é a sensibilização e capacitação dos cidadãos para a conservação e proteção da natureza.
Existem vários tipos de equipamentos de educação ambiental, desde centros de interpretação ambiental a ecotecas ou museus. Esses equipamentos oferecem uma grande variedade de atividades educativas, desde exposições e visitas guiadas até workshops, atividades ao ar livre, e programas educativos para escolas e grupos comunitários. Muitos deles também promovem a investigação científica e desenvolvem programas de conservação e proteção ambiental.
Vertigem Azul - Setúbal |
Os equipamentos de educação ambiental são muito importantes por várias razões, incluindo:
- Sensibilização: São excelentes para aumentar a consciência e a sensibilização sobre questões ambientais importantes, como a proteção da biodiversidade, a redução da pegada ecológica, a importância da reciclagem e outras práticas sustentáveis. A sensibilização é um passo crucial para promover mudanças de comportamento e ações positivas para a proteção do ambiente.
- Conscientização: Ajudam a conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação do ambiente e da utilização sustentável dos recursos. permitem que as pessoas compreendam a interdependência entre os seres vivos e os ecossistemas, bem como a relação entre a ação humana e o seu impacto no ambiente.
- Mudança de comportamento: Promovem a mudança de hábitos e comportamentos individuais e coletivos em relação ao ambiente, incentivando a adoção de práticas sustentáveis, como o uso racional da água e da energia, a redução do consumo de plástico, a separação correta dos resíduos, entre outras.
- Educação: A educação ambiental é essencial para fornecer a informação e formação necessárias para os indivíduos compreenderem a complexidade das questões ambientais e os desafios que enfrentamos na preservação ambiental. Os equipamentos de educação ambiental oferecem uma variedade de programas educacionais que ajudam os visitantes a desenvolver um entendimento mais profundo dos problemas ambientais e a aprenderem como podem ajudar a resolver esses problemas.
- Promoção da sustentabilidade: Promovem a sustentabilidade, incentivando as pessoas a adotarem estilos de vida mais sustentáveis, fornecendo informação sobre as alternativas mais sustentáveis e incentivando os visitantes a fazerem escolhas informadas que reduzam a pegada ecológica e promovam a conservação dos recursos naturais.
- Conservação e preservação: Desempenham um papel importante na conservação e preservação da natureza, fornecendo informação sobre a biodiversidade e os ecossistemas locais e as ameaças que enfrentam, incentivando a participação em projetos de conservação e promovendo a adoção de práticas de conservação responsáveis.
- Participação cidadã: Promovem a participação cidadã na gestão ambiental, permitindo que as pessoas se tornem mais conscientes de seus direitos e deveres ambientais e possam participar ativamente na tomada de decisões relacionadas com o ambiente nas suas comunidades.
- Turismo sustentável: Ajudam a promover o turismo sustentável, oferecendo aos visitantes a oportunidade de se envolverem em atividades ecológicas e educacionais, enquanto desfrutam da natureza, ajudando a proteger as áreas naturais e a promover a economia local de forma sustentável.
Em resumo, os equipamentos de educação ambiental são importantes para a sensibilização, educação, promoção da sustentabilidade, conservação e preservação da natureza e turismo sustentável e são vitais para a construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a proteção do ambiente.
A Agência Portuguesa do Ambiente disponibiliza um visualizador geográfico (abaixo) que permite pesquisar a localização e a caracterização dos equipamentos de educação ambiental em Portugal.
Referências Bibliográficas:
- 2018 - MARQUES, Margarida C. - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
- 2020 - Agência Portuguesa do Ambiente - Estratégia Nacional de Educação Ambiental 2020